quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Mala Verde

_ Acho que ninguém vai cair nessa...
_ Mas não custa tentar, né?
_ Pô, nós estamos disputando o título! É ridícula esta tua idéia de... mala branca! Que jogador do Palmeiras vai aceitar isso? Além do mais, se a gente quer fazer os caras correrem mais contra o Goiás, então vamos dobrar o bicho!
_ Não é simples assim. Você não conhece a alma humana... Se a gente der mais dinheiro pra eles, aí vai ser oficial.
_ E daí? O dinheiro não é o mesmo?
_ É. Mas tem uma coisa implícita aí que você não está considerando.
- O quê?
_ O jogador, como qualquer ser humano, quando recebe algo que considera ilegal, dá a vida por isso. É diferente você achar uma nota de cem reais num asilo ou no Congresso.
_ Peraí! No asilo, eu devolvo!
_ Devolve uma pinóia! A diferença é que, no asilo, você vai ficar com peso na consciência. Só isso. Agora vai lá e propõe isso pra eles.
_ Tá bom. Mas de quem?
_ Como, “de quem”?
_ De quem seria a mala branca?
_ Sei lá, inventa alguma coisa, mas vai logo!
_ Tudo bem...
_...
_...
_ E aí, eles aceitaram?
_ No início, não. Ficaram revoltados. Disseram que ali só tinha gente honrada e tudo mais. Só depois que eu disse que a mala branca era do Atlético Goianiense, é que a coisa mudou. Disse que a rivalidade lá era muito grande!
_ Você disse que...o Atlético Goianiense ofereceu um milhão de reais pra gente ganhar hoje, só por uma questão de rivalidade local la’?
_ Disse. Só assim eles aceitaram.
_ ...
_...
_ Desculpe duvidar de você...
_ Como assim?
_ Os cem reais no asilo...

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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Imperatriz Leopoldinense

_ Benhê, este anel não é muito grande, não?
_ Não é um anel, Marisa. É um bambolê.
_ E que eu faço com isso?
_ Bota essa coisa nessa cinturinha fofa e fica rebolando. Quanto mais tempo você conseguir ficar sem deixar ele cair, mais voto pro partido, entende? A Michelle Obama ficou um minuto. Portanto, trata de ficar mais...
_ Quem é essa vagabunda?
_ Amor, faz o que eu estou dizendo...o pessoal da filmagem oficial já tá lá fora esperando. Dá uma treinada e depois vai lá.
_ Tá bom.
_ ...
_ ...
_ Marisa, que você fez? O quê que é isso?
_ Benhê, eu não conseguia deixar o bibolê sem cair. Daí, eu amarrei ele com estas cordinhas no pescoço e aí deu certo.
_ Ai, meu Deus...
_ Mas não se preocupa não, que o pessoal da filmagem gostou.
_ Gostou?
_ É. Só teve um rapaz da iluminação que falou que eu tava igual a um ET de escola de samba... Mas o diretor ficou tão bravo com ele, que começou a rir de nervoso e então despediu o pobrezinho...
_ E então?
_ Bom, eles só pediram pra eu pegar umas coisas aqui em casa pra acabar a filmagem.
_ O quê?
_ Então, é por isso que vim aqui atrapalhar você de novo...
_ Fala logo, santa!
_ Benhê, o que é alegorias?
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sábado, 24 de outubro de 2009

Love-me

_ Por fim, o meliante, não satisfeito em dar um carrinho criminoso, próprio de um lutador de UFC, ainda ri do ocorrido, num gesto debochado, achando que jamais seria punido!
_ Pois bem, excelência, e qual seu nobre voto?
_ Excelência, voto por míseros 540 dias, extensivos à competições internacionais.
_ O ínclito magistrado não estaria sendo demasiado rigoroso em sua decisão, tendo em vista a condição primária do réu?
_ Meretíssimo, entendo que, neste caso, a escolaridade não deva influenciar nosso julgamento. Afinal, seria injusto com os jogadores que têm curso superior...
_ Escolaridade?
_ Meretíssimo...convenhamos...só porque o réu só tem o primário, estaria ele livre para dar aquela voadora no pescoço do adversário?
_ A sessão está suspensa! Poderia ter uma conversa reservada com o nobre julgador, por gentileza?
_ Claro, meretíssimo.
_...
_...
_ Aberta a sessão! Excelência, poderia proferir seu voto definitivo ao restante do corpo jurídico?
_ Claro, Meretíssimo. Mantenho meu voto anterior de 540 dias, com o benefício da redução a 2 jogos, se o réu realmente provar que não tem curso superior!
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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Risonho e Límpido

_ Pessoal, o Belluzzo disse que não vai aceitar mais este tipo de conduta. Ele disse que, até na hora do hino nacional, sentiu que tava todo mundo dormindo...
_ Mas professor, a gente já disse que não sabemos a letra...
_ A questão não é o hino, vocês não tão entendendo...É nossa postura. A gente não pode ficar dormindo enquanto o adversário corre pra caramba...Nós somos líderes! A gente tinha cinco pontos na frente! Agora, ainda temos quatro e temos que dar graças a Deus!!!...
_ A gente sabe disso, professor...
_ Sabem, mas continuam apáticos.
_ Continuamos o quê?
_ Esquece... Bem, é o seguinte, moçada. O presidente exige uma vitória hoje. Senão o bicho vai pegar...
_ Como assim, professor?
_ Bem, ele disse que, já que a gente esqueceu de jogar bola, pelo menos vai saber cantar o hino...
_ Professor, ele não vai fazer aquilo, né?
_ Vai sim. Ele disse que a assessoria já entrou em contato com a Vanusa...
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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Gatinha

_ Bom...que vamos fazer?...
_ Merda...O cara é meio ícone, né? Todo mundo gosta dele. Eu gosto dele. Quem não gosta?
_ Tem que haver uma solução...
_ Já sei! Vamos falar que ele tava trabalhando até tarde no Congresso. Daí, caiu no sono, e sonhou que era uma stripper. Aí, vestiu a primeira calcinha vermelha que achou e saiu desfilando...coisa de stress, entende?
_ Não.
_ Eu também não...
_ E se...
_ O quê?
_ Deixa pra lá...
_ Pô, fala aí! Fala,logo!...
_ Bem...e se ele teve um surto psicótico de ingratidão?
_ Beleza! Não entendi nada...Como assim?
_ Seguinte. Ele se sentiu traído por não ter sido o candidato natural à sucessão, preterido pela Dilma. Aí achou que ele era ela...Então surtou e se vestiu dela...
_ Com uma calcinha vermelha?
_ É.
_ Já imaginou isso?
_O quê?
_ Ué...Se ele pensava que era ela e vestiu a calcinha vermelha, quer dizer que a calcinha vermelha era dela, né?
_ E daí?
_ Já imaginou ela de calcinha vermelha?
_ ...
_ ...
_ Bem...que tal uma quebra de decoro básica?

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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Savóia

_ Garçom?
_ Pois não, senhor?
_ Houve um engano aqui. Eu pedi uma lasanha e veio esta salada aqui.
_ Perdoe-nos, senhor, deve ser um problema de comanda. Vou levar a salada e em um minuto trago o seu pedido. Desculpe-nos pelo incômodo, senhor.
_ Sem problema. Isso acontece…
_ …
_...
_ Senhor, o Chef disse que o pedido está correto.
_ Como está correto? Eu pedi uma lasanha e veio esta salada! Não coloca isto aqui de novo. Eu disse não!!!
_ Senhor, o Chef pediu para transmitir-lhe seus sentimentos pelo ocorrido. Disse que se chama Mosqueta e que é diretor de harmonia da Gaviões.
_ E daí?
_ Pediu sua compreensão. Disse que 2010 é o ano do centenário e que todos precisam do senhor em forma. Disse que é uma questão de Estado. Perguntei se era o meu estado, Piauí, e ele disse que não. Disse que era um estado qualquer…acho que ele é do Maranhão…
_ Pára!!! Não quero saber da onde você, ou seu grande Chef vieram. Só quero minha lasanha. Cadê o gerente?
_ Um minuto, senhor…
_ ...
_...
_ Senhor? Sou o gerente e quero me desculpar pelo ocorrido. Já pedi para providenciar sua lasanha e, como cortesia, serviremos também ravioli, canelonne e qualquer outra pasta que o senhor desejar, à vontade , como cortesia. Ah! E sempre que voltar, faremos questão de repetir esta cortesia!
_ Puxa, muito obrigado, vou voltar sempre mesmo! Bom, acho que não preciso falar meu nome, né?...Mas, e sua graça?
_ Giuseppe. Giuseppe de Savóia.

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Procon

_ Toninho, eles baixaram pra R$ 100 mil pra liberar o Obina pro jogo. É o mesmo preço que pagamos pelo Danilo. Acho que pode ser um bom negócio. Vá que ele faça uns três gols...
_ Beleza! Vamos arriscar. Outro golpe no destino...já estou vendo as manchetes...
_ Mas tem um detalhe...
_ Detalhe? Que detalhe?
_ Eles exigem que a gente escale o Jumar também.
_ Pô, esses caras tão de brincadeira! Isso é venda casada! Esses caras não sabem que posso por o Procon em cima deles? Diz pra eles que aqui quem escala é o técnico. Diz pra eles que não posso garantir isso não. Vai depender do Muricy...
_ Então nem vai adiantar, posso garantir. Eles estão batendo o pé nisso...
_ ...
_...
_ Tá bom. Então liga lá e vê se, sem o Obina, eles aceitam.
_ Como assim?
_ Vê quanto eles pagam só pela escalação do Jumar...

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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Profissional

_ Seguinte, chefia: tô com as prova aqui. Qué, qué. Num qué, num qué.
_ Como posso ter certeza que é a prova original?
_ Chefia, a tinta ainda tá fresca. E se o Pinho mentisse pra nós...na manha, chefia, o Pinho é burro, mas não é louco, não...
_ Ok, mas não vai ter problema com a PF desta vez? Não teve gravação?
_ Teve não, doutor. Agora tá limpo. Os cara era amador...
_ Então, pra gente fechar, pra ter certeza, fala só a primeira questão aí.
_ Num entendi. Que é esse troço de questão, doutor?
_ Quer dizer pra você ler a primeira pergunta da prova. Só pra eu ter certeza e a gente fechar.
_ Peraí, que o Valdir vai ler aqui, doutor. Lê logo aí...
_ ...
_ Doutor, ele disse que a primeira pergunta é: “Assassine a alternativa correta.”
_ Ok, fechado. No local combinado.
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Dedo

_ Vou tentar algo do tipo: “Muricy, dá pra perceber que este time ainda tem o dedo do Luxemburgo, né?”.
_ Acho que não vai adiantar. O homem parece que tá tranqüilo. Já tentei várias vezes o “até quando você acha que a torcida vai desconfiar?” e nada...
_ Mas ainda assim vou tentar. É questão de capricho entre eles. Você vai ver.
_ Você é quem sabe. Silêncio! Vai começar...
_ ...
_ Muricy? Muricy? Dá pra perceber que este time ainda tem o dedo do Luxemburgo, né?
_ Dá, sim.
_ Então você só está tocando a orquestra que ele deixou?
_ É.
_ E é por isso você ganha menos que ele?
_ É.
_ Então podemos concluir que ele é melhor do que você!?
_ É.
_ Onde especificamente você acha que está o dedo dele?
_ Dentro da sua...
_ Mãe?
_ Estrutura. Pessoal, vamos tentar não colocar assuntos pessoais na coletiva, ok? Próximo?
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Baratas

_ Alô? Marisa?
_ Sim?
_ Conseguimos, Marisa! Conseguimos!
_ O quê?
_ Como, “o quê”? Onde você acha que eu estou?
_ Na Jamaica , como você disse...
_ Dinamarca, mulher. Você não está assistindo a TV?
_ Não. Estou passando seus ternos.
_ Marisa, este dia é histórico. Vamos ter uma Olimpíada no Brasil! Em 2016!
_ Quando?
_ 2016. Antes haverá a de Londres. Estou muito feliz, Marisa...Todos aqui estamos!
_ Benhê?
_ Fala logo, que a coletiva tá me esperando.
_ Acho que não vai dar, não.
_ O que não vai dar?
_ De ter estes jogos aqui no Brasil.
_ Ah é santa? E por quê?
_ Porque em 2012 o mundo acaba no final do ano. Parece que vai cair uma estrela cadente e só as baratas vão sobreviver. Falando nisso, encontrei uma enorme no seu escritório hoje...
_ Marisa, francamente...Tchau, amor.
_ Tchau.
_...
_ Sr. Presidente, tudo bem?
_ É claro que sim...Mas só me faz um favor: telefona pro comitê dos jogos em Londres.
_ É pra já, Sr. Presidente. Se perguntarem qual o assunto?
_ Diga que vamos propor uma troca...
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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Big Bang

Sujeito chega em casa após 13 rodadas de mata-mata de snooker no bar, amplamente regadas a cerveja e pinga.
Puto, pois mudaram as regras. Desde o início do Universo, há aproximadamente 15 bilhões de anos, se sua bola batesse na outra, sairia a menor do adversário. Mas, naquele jogo, justo no melhor da noite, foi informado por seu adversário, o simpático Carlão do Açougue, são-paulino roxo, que a regra verdadeira não era aquela. Quem sairia, seria a bola tocada, e não a menor...e toda sua estratégia foi por água abaixo.
O infeliz não perdeu as três cervejas apostadas. Perdeu a dignidade. Teve vontade de enterrar o taco dentro do Carlão, por qualquer buraco que estivesse à vista. Mas, a única coisa que conseguiu pronunciar foi: “é mesmo...me confundi!”
A esta altura, o leitor pode imaginar o estado de espírito com que o sujeito chega em casa.
Mas, enfim, ele chega em casa.
E, mesmo tentando ser silencioso, sua mulher acorda:
_ Muito bonito, hein? Eu aqui, preocupada, e você na farra! Liguei pra todo mundo e nada! Todo dia a mesma coisa...você não presta, mesmo! Ainda bem que posso desabafar com a Dorinha...Saiba que ela me deu uns conselhos...
_Ah, ela deu é?
_ Deu sim. Vou procurar uma tal de Maria da Penha. Você não perde por esperar!
_ Amor, essa Dorinha...não é a mulher do...
_ Não me chama de amor! E é ela mesma! A mulher do Carlos. Instruída, meu bem..se cuida...
_ O do açougue, o são-paulino?
_ É, filhinho...
E, numa inconseqüência tresloucada, própria dos nobres kamikazes, decreta:
_ Querida, Não queria falar agora... Mas...acho que nosso casamento acabou...
_ Amor?...
_ É... Tô comendo ele...

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