Na pacata cidade do interior de São Paulo, dificilmente acontecia de receber algum artista famoso, ainda menos um time de futebol de projeção nacional.
E não foi que aconteceu que o maior clube do Brasil resolveu treinar, por um dia, naquela cidade?
O grandioso Palmeiras, pasmem, resolveu treinar num pequeno estádio do time local.
Havia figuras expoentes, como o técnico Celso Roth e o craque do time, o Lopes.
Havia também, no elenco, figuras mais experientes, dentre elas um, em especial, a quem este narrador tinha um asco ímpar, por entender que não jogava nada.
Para se ter uma idéia, este jogador foi elogiado em uma fila do caixa em um banco por um desconhecido e eu, absolutamente sem controle, insultei o amigo palmeirense, dizendo que ele não entendia nada de futebol e que esse volante nunca jogou nada no Palmeiras.
Enfim, eu e meu falecido pai fomos assistir ao treino do Palmeiras, mesmo ali estando esse volante que eu considerava horrível e tinha desprezo por ele.
Acabado o treino, todos os jogadores foram para o ônibus e meu pai, tentando guardar uma recordação daquele momento para mim, se misturou à pequena multidão de torcedores, em busca de um autógrafo de qualquer jogador.
Infelizmente meu pai era um pouco frágil, não conseguiu nada e, frustrado, acenou aos jogadores em despedida, vendo o ônibus partir.
Mas, do nada, poucos metros depois, o ônibus parou. E, dele, desceu um jogador que viu, da janela, meu pai com a caneta e o papel na mão.
Deu o autógrafo e abraçou meu pai.
Esse jogador, amigos, como vocês já concluíram, era aquele que eu odiava.
Galeano é o ser humano que eu nunca vou me esquecer na vida.